Os que advêm da Morte e os que nos são dados pela Vida.
Acordei com a notícia da morte de Eduardo Prado Coelho, pai da minha futura cunhada.
Não o conheci pessoalmente, mas tendo ele sido “um dos mais importantes intelectuais dos últimos 40 anos”, como dizem no seu jornal “O Público” e sendo ele tão próximo da minha acrescentada família, é normal que agite os meus sentimentos e que, mesmo não aceitando, fique perturbada.
Uns instantes mais tarde, chegando ao teatro onde trabalho, dão-me a notícia de que um colega se tinha ausentado para ir ter com a mulher que tinha entrado em trabalho de parto. O contentamento pairou no ar durante todo o dia. E as minhas emoções continuavam num vendaval. A minha irmã…lembrei-me entretanto da minha irmã. “Ela já terminou o tempo, ma ele não quer nascer!”. Continuava agitação!
O nosso colega regressou. A satisfação estava estampada no seu rosto. Todos nós nos alegrámos com a felicidade que ele irradiava. Senti-me feliz.
Terei observado de muito perto o ciclo da vida? Será que sempre que alguém nasce alguém tem que morrer? São perguntas às quais prefiro não ter reposta. Não quero mesmo saber a resposta sobretudo quando a perda foi tão importante e quando no meu entendimento as pessoas não são substituíveis.
A vida continua. E para comprovar que vale a pena esperar, o meu sobrinho está finalmente a caminho. Espero a qualquer momento que me digam “Já nasceu!”
Assim tive sentimentos tão diversos num só dia. Tão diversos e antagónicos que se tocam…